quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Cadernos de Educação Matemática


             






Os cadernos de educação matemática já estão disponíveis! Clicando no menu Cadernos de Formação, você terá acesso ao caderno de apresentação e aos oito de formação. Além destes, também há um caderno de educação matemática no campo, outro de educação matemática inclusiva e um caderno de jogos de alfabetização matemática (disponíveis no encarte).
PARA GOSTAR DE LER


Nascer no Cairo, ser fêmea de cupim

Rubem Braga


Conhece o vocábulo escardinchar? Qual o feminino de cupim? Qual o antônimo de póstumo? Como se chama o natural do Cairo?
O leitor que responder "não sei" a todas estas perguntas não passará provavelmente em nenhuma prova de Português de nenhum concurso oficial. Alias, se isso pode servir de algum consolo à sua ignorância, receberá um abraço de felicitações deste modesto cronista, seu semelhante e seu irmão.
Porque a verdade é que eu também não sei. Você dirá, meu caro professor de Português, que eu não deveria confessar isso; que é uma vergonha para mim, que vivo de escrever, não conhecer o meu instrumento de trabalho, que é a língua.
Concordo. Confesso que escrevo de palpite, como outras pessoas tocam piano de ouvido. De vez em quando um leitor culto se irrita comigo e me manda um recorte de crônica anotado, apontando erros de Português. Um deles chegou a me passar um telegrama, felicitando-me porque não encontrara, na minha crônica daquele dia, um só erro de Português; acrescentava que eu produzira uma "página de bom vernáculo, exemplar". Tive vontade de responder: "Mera coincidência" — mas não o fiz para não entristecer o homem.
Espero que uma velhice tranqüila - no hospital ou na cadeia, com seus longos ócios — me permita um dia estudar com toda calma a nossa língua, e me penitenciar dos abusos que tenho praticado contra a sua pulcritude. (Sabem qual o superlativo de pulcro? Isto eu sei por acaso: pulquérrimo! Mas não é desanimador saber uma coisa dessas? Que me aconteceria se eu dissesse a uma bela dama: a senhora é pulquérrima? Eu poderia me queixar se o seu marido me descesse a mão?).
Alguém já me escreveu também — que eu sou um escoteiro ao contrário. "Cada dia você parece que tem de praticar a sua má ação — contra a língua". Mas acho que isso é exagero.
Como também é exagero saber o que quer dizer escardinchar. Já estou mais perto dos cinqüenta que dos quarenta; vivo de meu trabalho quase sempre honrado, gozo de boa saúde e estou até gordo demais, pensando em meter um regime no organismo — e nunca soube o que fosse escardinchar. Espero que nunca, na minha vida, tenha escardinchado ninguém; se o fiz, mereço desculpas, pois nunca tive essa intenção.
Vários problemas e algumas mulheres já me tiraram o sono, mas não o feminino de cupim. Morrerei sem saber isso. E o pior é que não quero saber; nego-me terminantemente a saber, e, se o senhor é um desses cavalheiros que sabem qual é o feminino de cupim, tenha a bondade de não me cumprimentar.
Por que exigir essas coisas dos candidatos aos nossos cargos públicos? Por que fazer do estudo da língua portuguesa unia série de alçapões e adivinhas, como essas histórias que uma pessoa conta para "pegar" as outras? O habitante do Cairo pode ser cairense, cairei, caireta, cairota ou cairiri — e a única utilidade de saber qual a palavra certa será para decifrar um problema de palavras cruzadas. Vocês não acham que nossos funcionários públicos já gastam uma parte excessiva do expediente matando palavras cruzadas da "Última Hora" ou lendo o horóscopo e as histórias em quadrinhos de "O Globo?".
No fundo o que esse tipo de gramático deseja é tornar a língua portuguesa odiosa; não alguma coisa através da qual as pessoas se entendam, ruas um instrumento de suplício e de opressão que ele, gramático, aplica sobre nós, os ignaros.
Mas a mim é que não me escardincham assim, sem mais nem menos: não sou fêmea de cupim nem antônimo do póstumo nenhum; e sou cachoeirense, de Cachoeiro, honradamente — de Cachoeiro de Itapemirim!
Rio, novembro, 1951


Texto extraído do livro "Ai de Ti, Copacabana", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 197.

PARA GOSTAR DE LER

A Princesinha Medrosa (Odilon Moraes)



      Era uma vez uma princesinha que tinha muito medo do escuro. Então ela ordenou que todas as luzes do palácio ficassem acessas dia e noite...

... e depois que fizessem o mesmo com todas as luzes da cidade...
... e ainda que o próprio sol brilhasse o tempo todo em seu reino. Mas havia outra coisa que também a afligia: tinha medo de ficar sozinha. Então ordenou a todos que viessem dormir dentro dos muros do palácio.
     Mesmo assim, não conseguiu passar muito tempo sossegada. Tinha medo da pobreza.
     Então ordenou que todos trabalhassem mais e mais para que nunca faltasse nada no reino.
     Mas, apesar de todas as ordens, não parava de pensar:
     "E se as luzes se apagarem?",
     "E se as pessoas forem embora?",
     "E se algum dia eu precisar de algo mais caro que toda a riqueza que tenho?".
     Seu medo de as luzes se apagarem foi se tornando maior do que o medo do escuro (que ela nem se lembrava mais o que era).
     E o medo de as pessoas irem embora se tornou maior do que o medo da solidão (que ela nem sabia mais o que era).
    E o medo de perder todo aquele tesouro tirava suas noites de sono, embora ela dormisse rodeada das maiores riquezas do reino.
    Aconteceu que, um dia, num de seus passeios matinais (pode ser que fosse noturno, pois como o sol brilhando o tempo todo ninguém sabia mais o que era manhã, tarde ou noite), ela se perdeu da comitiva e, desesperada, embrenhou-se na mata até encontrar alguém que pudesse ajudá-la.
    Ao chegar a uma pequena nascente, deu com um garoto que descansava de um dia de trabalho.
    "O que você faz aqui?", ela perguntou.
    "Conto as estrelas", respondeu o garoto.
    A princesa estranhou e olhou para o céu.
    "Mas como você pode ver as estrelas, se está claro?"
    "Ah! Eu fecho os olhos e escuto elas brincando no burburinho da fonte. Escute!"
    A princesinha deitou-se ao lado dele e pôde ouvir a alegre cantoria das estrelinhas. O cantar era tão envolvente que ela acabou dormindo.
   Quando acordou, viu que seu amigo havia partido. Sentiu medo de estar sozinha, mas concentrou-se na tarefa de voltar e...
... seguindo o leito do rio, chegou sem problemas até seu palácio, onde todos a esperavam ansiosos.
   Encarregou, então, os arquitetos do reino de construir uma linda fonte para poder dormir sempre ao som das estrelas, e segura em seu palácio.
   Mas o que houve foi que, com todos os barulhos dentro das paredes do palácio, não dava para distinguir o que era o simples ruído das águas do que era a cantoria das estrelas.
   Decepcionada, depois de alguns dias resolveu procurar o garoto para saber o segredo de sua fonte.
   Encontrou-o no mesmo lugar, e assim que chegou foi novamente convidada a deitar-se ao seu lado.
   E ela dormiu um sono tão profundo que não só pode ouvir as estrelas como também brincou com elas, dançou com elas e até aprendeu a cantar suas músicas.
   Dessa vez, ao acordar, não sentiu aquele frio na barriga. Apenas se levantou disposta e tomou o rumo de casa.
   Hoje, enquanto os sábios do reino passam dias e dias examinando a fonte de pedras preciosas esperando ouvir estrelas de que a princesinha tanto fala, ela caminha todo final de dia para dentro da mata.
   Não tem mais medo do escuro, pois é nele que brinca com suas amigas estrelas.
   Mesmo recolhida em seu quarto, não tem mais medo de ficar sozinha: as árvores, as pedras, o céu, a terra e as galáxias estão com ela...
...e o dinheiro, bem ela deixou que seus ministros tomassem conta dele e o dividissem com os mais necessitados.
    Só tem um medo de vez em quando: é do fundo do rio (mas isso todo mundo tem).
    Basta que seu amigo lhe estenda a mão e ela entra contente para brincar na água.
    Depois de se divertirem bastante ela volta ao palácio...
... para dormir quando o sono chega...
... e acordar no dia seguinte junto com o sol (que agora voltou a ter descanso nas noites).

PARA GOSTAR DE LER

PEDRO - BARTOLOMEU DE CAMPOS QUEIRÓS



“Pedro é um nome que a gente conhece em muitas línguas: Pedro, Pierre, Pietro, Peter, Pether, Petrus.
Pedro pintou um dia, em alguma parte do mundo, o retrato de uma borboleta. O papel tinha o tamanho de sua intenção. As cores as de seu desejo. Pintou ainda sobre o papel flores para a borboleta se esconder e galhos para descansar. É mesmo fácil imaginar sua pintura ou fazê-la. Mas a conseqüência não foi tão simples. É melhor saber toda a história.
Pierre acordou com o coração cheio de Domingo. Domingo é dia em que a gente não quer nada, e por isso acontece quase tudo. Não era domingo, mas nesse dia, ele viu o vôo de uma borboleta. (Vôo de borboleta pode transformar qualquer dia em domingo.)
Peter não conhecia muito de borboletas. Borboleta é mesmo um inseto de que a gente gosta muito e conhece pouco. Sabemos que ela é bonita e colorida, como se isso bastasse. Mas a cor que está perto do amarelo, ou depois do azul, é muito difícil de guardar no pensamento. Borboleta é como arco-íris ou bola de sabão: o máximo que sabemos é que tem muita cor.
Pietro ficou na posição de um pintor: muito atento e com os olhos muito abertos para as coisas do mundo. A borboleta, notando a atitude do menino pintor, voou para bem perto dele. Isto para poder se olhar no espelho dos olhos de Pietro e saber se estava pronta (as borboletas dos olhos de Pietro são bonitas). 
E estava. Estava linda e em pose de retrato. Era Importante para ela ser pintada por um menino. Isto porque lhe disseram que borboleta e menino se parecem em suas alegrias descontroladas.
No dia seguinte, a borboleta volta para ver seu pintor e encontra Petrus conversando com o quadro. Petrus não vê a borboleta chegar, tão preocupado estava com suas idéias e palavras. A borboleta se entristece. Parece difícil imaginar uma borboleta triste, mas é só pensar em dia amanhecendo que isto se torna possível.
Pether pintou a borboleta no momento em que ela batia muito as asas. Quem observa a borboleta nesse momento, pode pensar que a borboleta se sente muito pesada, com tanta cor para carregar. Luta para se equilibrar. 
Ou quem sabe o mundo das borboletas é tão leve que não precisa de muita força?
A borboleta, apesar de sua tristeza, deu razão ao menino. Afinal de contas, pensou ela, aconteço tão pouco em vida de pessoas, que ninguém pode me tomar como amigo. Sou quase uma sugestão.
Mas mesmo assim, ela quis consertar o mal entendido. Tanto para o bem de sua tristeza, como para a solidão de Pedro, Peter ou Petrus.
Esperou que o menino dormisse e apagou com as asas a pintura. O papel ficou branco como o susto e pronto para receber outro pensamento de seu dono. 
A borboleta esperou com outra pose lenta o acordar do menino. Peter abriu os olhos com a luz do dia e viu o papel branco e mais a borboleta solta no domingo. 
Ele desenhou novamente a borboleta, mas desta vez com poucos traços.
Peter gastou muito tempo em observar os gestos da borboleta para retê-la melhor. Passou o resto da tarde amedrontado com a evaporação da tinta. 
Sentiu que estava em dia de semana.
Durante a noite, a borboleta lavou novamente a pintura de Peter e esperou o sol nascer. Estava curiosa para saber do coração de Pierre. 
Quando Pierre acordou viu o papel branco e a borboleta pousada num galho com as asas muito cansadas.
O menino não quis pincel nem nada. Passou o tempo todo olhando para a borboleta, tentando ficar com ela pela observação.
A borboleta ficou contente e o menino também. Ela acreditou que Petrus contava com ela em sua vida.
No dia seguinte, a borboleta não veio.
Ela quis provar a amizade do menino.
Mas para nossa surpresa, não houve tristeza.
Pedro pegou o pincel e pintou tantas borboletas quantas ele tinha na lembrança.
Não sei se você poderá acreditar, mas na medida em que o papel foi ficando repleto, as borboletas levantaram vôo.
E as borboletas partiam para todos os cantos do mundo. Aquela que gostava mais de calor, partia para a terra quente.
Aquela que gostava mais de neve, partia para a terra fria. 
E cada uma delas escolhia um fundo de mundo para melhor realçar sua cor.
Se você conhece, em algum lugar, um menino chamado Pedro, ou nome semelhante, peça que ele lhe fale sobre borboletas. Vocês poderão tornar-se amigos através das coisas que ele sabe sobre elas. 
E você, tendo um amigo como Pedro, que pinta borboletas, você terá também um coração cheio de domingo. 
No domingo, não se precisa ver borboletas. Basta ter o vôo delas na lembrança, ou fazer bolas de sabão.
Arco-íris também serve.”
A Moça Tecelã, de Marina Colasanti

Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.
Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.
Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.
Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.
Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.
Assim, jogando a lançadeira de um lado para o outro e batendo os grandes pentes do tear para a frente e para trás, a moça passava seus dias.
Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranqüila.
Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.
Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou como seria bom ter um marido ao lado.
Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponta dos sapatos, quando bateram à porta.
Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando na sua vida.
Aquela noite, deitada contra o ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.
E feliz foi, por algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque, descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar.
- Uma casa melhor é necessária - disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes e pressa para a casa acontecer.
Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente. - Por que ter casa, se podemos ter palácio? - perguntou. Sem querer resposta, imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates de prata.
Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.
Afinal, o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre.
- É para que ninguém saiba do tapete - disse. E antes de trancar a porta a chave advertiu: - Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!
Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.
E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou como seria bom estar sozinha de novo.
Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear.
Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e, jogando-a veloz de um lado para outro, começou a desfazer o seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e o palácio. E todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela.
A noite acabava quando o marido, estranhando a cama dura, acordou, e espantado olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.
Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte.


Disponível em: http://elieneoliveiras.blogspot.com.br/2011/08/pedro-bartolomeu-de-campos-queiros.html

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Curso de formação continuada terá ênfase em matemática

O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa é um compromisso dos poderes públicos para alfabetizar todas as crianças até os oito anos de idade ao fim do terceiro ano do ensino fundamental (foto: João Neto/MEC – 14/10/13)Professores de escolas públicas que lecionam em classes de alfabetização do primeiro ao terceiro ano do ensino fundamental participarão, este ano, de um novo curso de formação continuada, promovido pelo Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. A ênfase da formação será a matemática, mas os professores continuarão os estudos de língua portuguesa, tema principal dos cursos em 2013. Cerca de 300 mil educadores, que trabalham em 5.420 municípios, aderiram ao programa em 2012.
Lançado pela presidenta da República, Dilma Rousseff, em novembro de 2012, o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa é um compromisso dos poderes públicos para alfabetizar todas as crianças até os oito anos de idade, no máximo, até o fim do terceiro ano. A adesão de estados, Distrito Federal e municípios é a forma de alcançar o objetivo. A ação envolve 38 instituições públicas de educação superior e secretarias de Educação. O investimento do governo federal está estimado em R$ 2,7 bilhões.
Dados da Coordenação de Formação Continuada da Secretaria de Educação Básica (SEB) do MEC indicam que 314.761 professores participaram dos cursos presenciais em 2013. Eles ministram aulas a 7,9 milhões de estudantes, distribuídos em 108.733 escolas e 400.069 turmas de alfabetização.
As 38 universidades que integram o pacto participaram com 642 professores formadores, 172 supervisores, 38 coordenadores-gerais e 40 coordenadores-adjuntos. As secretarias estaduais e municipais de Educação designaram 15.903 orientadores de estudos e 5.480 coordenadores locais. No pacto, os educadores recebem R$ 200 por mês para fazer a formação.
Na avaliação da coordenadora de formação continuada da SEB, Mirna França da Silva de Araújo, o pacto foi muito bem recebido pelos educadores. “Eles se sentem apoiados para criar e desenvolver ideias e cenários que fortaleçam a alfabetização”, diz. O pacto, segundo Mirna, tem um aspecto diferente. Além da mobilização nacional, articula a formação continuada com material didático específico para a alfabetização e a avaliação.
Prova — A primeira Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), instrumento criado pelo pacto, foi realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) entre 11 e 21 de novembro de 2013. No período, foram avaliados itens como infraestrutura das escolas, formação dos professores, gestão, organização do trabalho pedagógico e desempenho dos alunos do terceiro ano. A divulgação dos resultados está prevista para março próximo.
Para os cursos de alfabetização matemática, os professores de turmas do primeiro ao terceiro ano do ensino fundamental vão contar com 13 cadernos de formação. O material aborda conteúdo a ser ensinados aos estudantes. Desse conjunto de cadernos, dois orientam sobre o trabalho com jogos na alfabetização.
Ionice Lorenzoni
Palavras-chave: educação básica, alfabetização, matemática, pacto
PARA GOSTAR DE LER


Lilás, uma menina diferente - Mary E. Whitcomb